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Brothers



Tommy, Grace, Sam. Brothers apresenta-nos três personagens de uma tradicional família americana de fortes contrastes. Sam (Jake Gyllenhall) é um militar louvado que está prestes a partir para o Afeganistão. Grace (Natalie Portman) é a esposa de Sam, com as suas duas filhas, Isabelle e Grace, vê partir o seu marido para uma missão militar, ao passo que nos é apresentado Tommy (Tobey Maguire, nomeado para um globo de ouro). Tommy é o irmão de Sam acabado de sair em liberdade condicional, solteirão e irresponsável. É uma família de contrastes, moldada pela guerra do Vietname, onde o pai de ambos lutou pelos interesses americanos, com as repercussões clássicas dos traumas de guerra descarregados em ambiente familiar desenvolvendo-se as diferenças que existem entre Sam e Tommy. Este é o mote de Brothers, os lados e os contrastes de cada família e a capacidade de nos desconstruirmos e renascermos.

Introduzindo um pouco narrativa deste filme, Sam parte para o Afeganistão em missão militar pouco após o regresso de Tommy à sociedade. Tommy é visto como um boémio que nada lhe interessa, até que sucede uma tragédia que afecta toda a família, a queda do helicóptero de Sam, onde todos os “marines” são dados como mortos. Toda a família sofre com a perca de Sam, mas esta é a deixa de Tommy para ressuscitar e se mostrar como elemento central e reunificador de uma família destroçada por tamanha efeméride. Tommy ajuda a sua cunhada, a superar as dificuldades em casa, remodelando a cozinha e simultaneamente aproximando-se de Grace, até ao momento que se beijam. Tommy passa a ser o elemento que introduz alegria e vida à narrativa nesta altura, ao contrário do que sucedia no inicio desta longa-metragem ainda que não seja a expressividade deste que muda, mas sim todas as reacções das personagens perante ele. Sam por outro lado, é novamente introduzido como um prisioneiro de guerra juntamente com o seu conterrâneo Joe Willis (Patrick Flueger) onde sofrem as represálias de um grupo talibã até que Sam é forçado a trair o seu país e a si mesmo. As cenas no Afeganistão contem uma forte carga dramática muito presente na fotografia do filme, tornando-o denso, tal e qual o espírito da personagem. Esta traição leva Sam a constantemente procurar a traição em todos os elementos da sua família, que em ciúmes do seu irmão, não suporta toda a dinâmica que ele conseguiu criar numa família onde ele já não se encontra inserido psicologicamente.


Natalie Portman e Jake Gyllenhall em Brothers (2009)

Do ponto de vista técnico, Jim Sheridan apresenta-nos um remake de Brødre (Susane Bier, 2004), um filme dinamarquês, um filme sobre os traumas psicológicos e as consequências que os conflitos militares têm sobre os soldados e suas famílias. Não conseguindo superar a criatividade do filme original, também não se apresenta como um mau remake, sendo notória a sensibilidade visual ao longo do filme. A fotografia de Frederick Elmes é congruente com os estados de espírito das personagens, sendo trabalhada ao detalhe. Exemplos disso são as cenas em que a relação de Tommy e Grace é frutuosa, estabelecendo-se uma imagem vibrante e suave e também as cenas no Afeganistão, em que o detalhe de uma imagem áspera, pouco saturada nos relega para a frieza do conflito armado e dos instintos básicos do ser humano enquanto animal. A excelente banda sonora de Thomas Newman estabelece um excelente paralelo com o visual ao longo desta narrativa, acompanhando todo o dramatismo existente de forma congruente, colocando a trilha composta com a colaboração de Bono (Winter), como a cereja em cima de um bolo. Toda a soma dos actos de Sam após o seu regresso acaba num grande ecran preto musicado, deixando o espectador reflectir sobre a obra cinematográfica.

7.6/10

Crítico: Tiago Santos (Centro de Estudos Cinematográficos)


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